sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

c'est la vie

Alguém? me ajude, por favor, pisaram em meu peito, sinto meu coração explodindo, sinto todo meu ser se esvaindo. Mas dizem que este sentimento é normal, como as fotografias em preto e branco, monocromáticas, tristes e estáveis. C'est la vie

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

God dies

Lembrei hoje do texto que Frances Farmer escreveu quando adolescente e acho válido ter ele aqui no blog, seja pra lembrar dessa inexistência de Deus ou da existência dessa atriz.


No one ever came to me and said, "You're a fool. There isn't such a thing as God. Somebody's been stuffing you." It wasn't a murder. I think God just died of old age. And when I realized that he wasn't any more, it didn't shock me. It seemed natural and right.
Maybe it was because I was never properly impressed with a religion. I went to Sunday school and liked the stories about Christ and the Christmas star. They were beautiful. They made you warm and happy to think about. But I didn't believe them. The Sunday School teacher talked too much in the way our grade school teacher used to when she told us about George Washington. Pleasant, pretty stories, but not true.
Religion was too vague. God was different. He was something real, something I could feel. But there were only certain times when I could feel it. I used to lie between cool, clean sheets at night after I'd had a bath, after I had washed my hair and scrubbed my knuckles and finger nails and teeth. Then I could lie quite still in the dark with my face to the window with the trees in it, and talk to God. "I am clean, now. I've never been as clean. I'll never be cleaner." And somehow, it was God. I wasn't sure that it was … just something cool and dark and clean.
That wasn't religion, though. There was too much of the physical about it. I couldn't get that same feeling during the day, with my hands in dirty dish water and the hard sun showing up the dirtiness on the roof-tops. And after a time, even at night, the feeling of God didn't last. I began to wonder what the minister meant when he said, "God, the father, sees even the smallest sparrow fall. He watches over all his children." That jumbled it all up for me. But I was sure of one thing. If God were a father, with children, that cleanliness I had been feeling wasn't God. So at night, when I went to bed, I would think, "I am clean. I am sleepy." And then I went to sleep. It didn't keep me from enjoying the cleanness any less. I just knew that God wasn't there. He was a man on a throne in Heaven, so he was easy to forget.
Sometimes I found he was useful to remember; especially when I lost things that were important. After slamming through the house, panicky and breathless from searching, I could stop in the middle of a room and shut my eyes. "Please God, let me find my red hat with the blue trimmings." It usually worked. God became a super-father that couldn't spank me. But if I wanted a thing badly enough, he arranged it.
That satisfied me until I began to figure that if God loved all his children equally, why did he bother about my red hat and let other people lose their fathers and mothers for always? I began to see that he didn't have much to do about hats, people dying or anything. They happened whether he wanted them to or not, and he stayed in heaven and pretended not to notice. I wondered a little why God was such a useless thing. It seemed a waste of time to have him. After that he became less and less, until he was…nothingness.
I felt rather proud to think that I had found the truth myself, without help from any one. It puzzled me that other people hadn't found out, too. God was gone. We were younger. We had reached past him. Why couldn’t they see it? It still puzzles me.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A existência de Deus: A maior aposta de todos os tempos em que ninguém é vencedor

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Das elucidações do mal à criação do mundo


              

                   - Autor do mal, quem sois?
                Ele próprio se horrorizou com esta idéia e quis investigar se, para existir, o mal tinha necessariamente que ter sido criado. Em seguida, examinou a mesma questão numa perspectiva mais abrangente. Concentrou-se nas forças da natureza, atribuindo à matéria uma energia que lhe pareceu apta a explicar tudo, sem que fosse preciso recorrer à criação.
                No tocante ao homem e aos animais, segundo ele estes deviam a existência a um ácido gerador, o qual, ao provocar a fermentação da matéria, imprimia-lhe formas constantes, mais ou menos da maneira como os ácidos cristalizam as bases alcalinas e terrosas sempre no mesmo tipo de poliedros. Ele considerava as substâncias fungosas produzidas pela madeira úmida o elo que liga a cristalização dos fósseis e a reprodução dos vegetais e dos animais, e que indica, se não a identidade de ambas, pelo menos a analogia existente entre ambas.
                Hervas, como o erudito que era não teve dificuldades em dar embasamento sólido a seu falso sistema por intermédio de provas sofísticas bem apropriadas a desnortear qualquer espírito. Ele achava, por exemplo, que os mulos, que resultavam do cruzamento de duas espécies, podiam ser comparados aos sais com base composta cuja cristalização é confusa. A efervescência de certas terras com os ácidos lhe pareceu bem próxima da fermentação dos vegetais mucosos, e esta lhe pareceu ser um começo de vida que não tinha podido se desenvolver por falta de condições propícias.
                Hervas tinha notado que os cristais, ao se formarem, se amontoavam nas partes mais iluminadas do recipiente, e dificilmente se constituíam no escuro; e como a luz é igualmente favorável à vegetação, ele considerou que o fluido luminoso era um dos elementos que compunham o ácido universal que animava a natureza; aliás, ele tinha acompanhado a luz avermelhar com o tempo os papéis tingidos de azul, e esta era outra das razões que o levavam a tê-lo como um ácido.
                Hervas sabia que nas altas latitudes, perto do pólo, o sangue, por falta de calor suficiente, estava exposto a uma alcalescência que não se podia interromper senão pelo uso interno dos ácidos. Donde concluiu que, já que o calor podia ser, em determinadas circunstâncias, substituído por um ácido, ele próprio devia ser uma espécie de ácido, ou pelo menos um dos elementos do ácido universal. (POTOCKI, Jean. O manuscrito encontrado em Saragoça. p. 259 - 260) 

terça-feira, 20 de novembro de 2012



Meu olhar, enfarado e distraído, viu enfim chegar o século presente, e atrás dele os futuros. Aquele vinha ágil, destro, vibrante, cheio de si, um pouco difuso, audaz, sabedor, mas ao cabo tão miserável como os primeiros, e assim passou e assim passaram os outros, com a mesma rapidez e igual monotonia. 


sábado, 13 de outubro de 2012

O mundo é um moinho

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Eu amo esse bloguezinho inútil em que posso comentar qualquer babaquice.

Tato

Deita na cama, se cobre com aquela coberta de amores passados. Olha o teto, nem sempre é o mesmo, mas quando o é sabe que a noite de sono valerá a pena. Esta seria uma noite de um teto só, de uma coberta de amores passados. Suja de amores passados. Não sabia o por que de fazer o que fazia, mas fazia por amor, necessitava do teto, da coberta e da companhia. Esta noite de um teto se inicia com um banco, era só um banco, poucas palavras, o papo de sempre. Caminham um tanto, faz frio e os passos na noite são acompanhados pela lua, aquela grande e radiante lua. Por vezes mal escuta as palavras, se concentra na rua, nos passos e na lua. Muitas vezes o trajeto se finaliza em uma arvore, um carro, uma parede, mas preferia um teto, o teto, muitas vezes sujo, muitas vezes descascado, muitas vezes branco e de outras cores, com luzes ou sem. Desta vez o teto era branco, aconchegante, lembrava um lar, até poderia ser um lar. A coberta era fria, mas logo se aquecia. A noite de um apenas um teto, uma coberta, de um só amor, de só uma noite. Se mantem focada no teto, a noite toda olhara para o teto, para as paredes, para o lençol, para si, para o outro e depois para o chão. Acorda. Teto. Sapatos. Porta. Rua. Café. Pão e Olhos. Olhos atentos, coração palpitante e respiração pesada. Era delírio? ou aquele de um teto só a havia perseguido.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A dialética da solidão

A sociedade finge ser uma totalidade que vive por si e para si. Mas, embora ela se conceba como unidade indivisível, no seu interior está dividida por um dualismo que talvez tenha sua origem no momento em que o homem se desprende do mundo animal e, ao se servir das mãos, inventa-se a si mesmo e inventa a consciência e a moral. A sociedade é um organismo que padece da estranha necessidade de justificar seus fins e seus apetites. Às vezes, seus fins, mascarados pelos preceitos da moral dominante, coincidem com os desejos e as necessidades dos homens que a compõem. Outras vezes, contradizem as aspirações de fragmentos ou classes importantes. E não é de se estranhar que neguem os instintos mais profundos do homem. Quando isso ocorre, a sociedade viva uma época de crise: estoura ou estanca. Seus componentes deixam de ser homens e se transformam em meros instrumentos desalmados (Otávio Paz)

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Paisagem de Chuva

"Em cada pingo de chuva a minha vida falhada chora na natureza. Há qualquer coisa do meu desassossego no gota a gota, na bátega a bátega com que a tristeza do dia se destorna inutilmente por sobre a terra. Chove tanto, tanto. A minha alma é úmida de ouvi-lo. Tanto... A minha carne é líquida e aquosa em torno à minha sensação dela. Um frio desassossegado põe mãos gélidas em torno ao meu pobre coração. As horas cinzentas alongam-se, emplaniciam-se no tempo; os momentos arrastam-se. Como chove! As biqueiras golfam torrentes mínimas de águas sempre súbitas. Desce pelo meu saber que há anos um barulho perturbador de descida de água. Bate contra a vidraça, indolente, gemedoramente, a chuva..." (Fernando Pessoa)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012





Eu só eu
No meu vazio
Se não morreu
Nem existiu

Só eu só
No meu pavio
Futuro pó
Que me pariu

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

vontade de chorar e, olha, não é nem causa dos hormônios.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

nesse mundo feito de lírica


O que é bonito
É o que persegue o infinito
Mas eu não sou
Eu não sou, não...
Eu gosto é do inacabado
O imperfeito, o estragado que dançou
O que dançou...
Eu quero mais erosão
Menos granito
Namorar o zero e o não
Escrever tudo o que desprezo
E desprezar tudo o que acredito
Eu não quero a gravação, não
Eu quero o grito
Que a gente vai, a gente vai
E fica a obra
Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra
Eu quero tudo
Que dá e passa
Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça
O que é bonito...


Lenine - O que é Bonito?

Miragem do Porto


Lenine é só amor e paz!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

their love was so gentle...


Their love was so gentle, so long, and surprising,
With pining, so deep, and zeal, like a crazy uprising!
But, much like foes, they shunned their meetings, confessions…
And were cold and empty their short conversations.

They left each other in suffering, wordless and proud,
And only in dreams, saw the image beloved, farther.
Death had come and commenced their
date in the world, that is out...
But they didn't discern in this new world each other.
(Mikhail Lermontov)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

décès

Um tanto quanto longe agora
Caminho passos firmes
Não me perco na escuridão
É quando enlouquece a aurora
A estrada é tão bela
Vou seguindo pela contra mão 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A vida anda muito calma ultimamente, ando desconfiando dela.

domingo, 17 de junho de 2012

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Acho que um dia a vida me fez cair um tombo tão feio que quebrou todos os meus dentes que é para eu nunca mais sorrir.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O homem do cérebro de ouro


Eis um conto belíssimo que vale muito a pena ler, acredito que a versão em francês de Perroult deve ser mais encantadora.

Havia uma vez um homem que possuía o cérebro de ouro; sim, senhora, o cérebro todo de ouro. Quando veio ao mundo, sua cabeça era tão pesada, e seu crânio tão desproporcional, que os médicos pensavam que o menino não haveria de sobreviver. Viveu, contudo; e cresceu ao sol, vistoso como uma oliveira; somente a sua grande cabeça arrastava-o sempre, e dava pena vê-lo a bater-se contra todos os móveis, quando caminhava... constantemente caía. Um dia escorregou do alto de uma escada e foi dar de testa em uma sólida coluna de mármore, onde soou o seu crânio como se fora um lingote. Deram-no por morto; ao erguê-lo, porém, não encontraram nele mais que um leve ferimento, com suas ou três gotinhas de ouro, coalhando-se por entre os seus cabelinhos ruivos. Foi dessa forma que seus pais souberam que o menino tinha de ouro o cérebro. O assunto foi mantido em segredo; a pobre criança de nada suspeitou. De vez em quando perguntava por que era-lhe proibido correr com os seus amiguinhos, ruas afora. “Roubariam o meu tesouro”, respondia a sua mãe... Então, o garoto temia, por medo que o roubassem; retornava então aos seus jogos solitários, nada dizendo, cambaleando pesadamente de uma sala a outra...
Somente aos dezoito anos os seus pais revelaram-lhe o dom monstruoso que devia ao destino; e como eles haviam-no criado e alimentado até então pediram, em recompensa, que lhes desse um pouco de ouro. O garoto não pestanejou: no ato – e por meios, não nos reporta a lenda – extraiu do próprio crânio um belo pedaço de ouro maciço, do tamanho aproximado de uma noz, e o depositou orgulhoso entre os joelhos de sua mãe... rapidamente, muito deslumbrado pelas riquezas que trazia na cabeça, louco de desejos, ébrio de poder, deixou a casa paterna e foi-se mundo adentro, derrocando o seu tesouro. A julgar pelo ritmo de vida que levava, como um rei, semeando o ouro sem contar, ter-se-ia pensado ser o seu cérebro inesgotável... no entanto, esgotava-se, e pouco a pouco podiam-se ver seus olhos a se apagar, e sempre mais salientes eram as maçãs de seu rosto. Por fim, um dia, no final de um entre tantos loucos festins, o desgraçado, só, entre restos e aranhas que empalideciam, parou, espantado pela enorme brecha que havia aberto em seu lingote; era hora de parar.
Daí em diante, foi uma nova existência. O homem do cérebro de ouro foi viver retirado, do trabalho de suas mãos, suspeitoso, tímido como um avarento, fugindo das tentações, procurando esquecer as riquezas fatais, que não tencionava tocar... Por desgraça, um amigo havia-o acompanhado até sua solidão, e esse amigo conhecia o seu segredo. Uma noite, o pobre homem acordou sobressaltado por uma terrível, espantosa dor de cabeça. Enquanto, ainda atordoado, tentava entendê-la, viu, entre um e outro raio de lua, o amigo que fugia, escondendo algo sob a capa... Era-lhe tirado ainda um pouco mais de seu cérebro!
Algum tempo após, enamorou-se o homem do cérebro de ouro, e desta vez para se acabar... amava com toda a alma a uma mulherzinha ruiva, que também o queria bem, mas que preferia as pompas, plumas brancas e borlas douradas que escorriam de seus belos calçados. Nas mãos desta linda criatura – metade pássaro, metade boneca -, os pedacinhos de ouro fundiam-se de dar gosto. Tinha todos os caprichos, e ele jamais soube dizer não; até mesmo, para não constrangê-la, ocultou-lhe até o fim o triste segredo de sua fortuna. “Somos então muito ricos?”, dizia ela. E o pobre homem respondia: “Oh, sim, muito!”. E sorria amável ao passarinho azul que inocentemente devorava-lhe o crânio. Às vezes, deve-se dizer, tomava-se de medos, vinha-lhe a inspiração de ser avarento; no entanto, exatamente então, achegava-se-lhe a mulherzinha a balbuciar docemente, entre um e outro afago: “meu caro...” e ele comprava-lhe algo muito caro. Isto prosseguiu durante dois anos; uma bela manhã, porém, a mulherzinha, ser ter um por que, morreu, como um passarinho... O tesouro, entrementes, chegava já a seu fim; com o que ainda restava, o viúvo providenciou à sua querida defunta um grande enterro. Sinos dobrando, carros pesados recobertos de negro, cavalos emplumados, lágrimas de prata, nada lhe pareceu exagerado. Que importância teria para ele, agora, o seu ouro?... Deu dele na Igreja, deu aos pedintes, às vendedoras de sempre-vivas. Deu-o à direita e à esquerda, sem pestanejar... Assim, pois, ao sair do cemitério, não lhe restava quase nada daquele cérebro maravilhoso. Apenas algumas partículas, pegadas à parede do crânio. Viram-no então errante pelas ruas, com as mãos diante de si, pesado e trocando os pés como um bêbado. Pela tarde, hora em que iluminam-se as tendas, deteve-se frente a um amplo toldo de onde brilhava a luz de uma arranjo de telas e adornos. Deteve-se a fitar duas botinhas de belo azul bordado de penas de cisne. “Eu sei de alguém a quem muito agradariam essas botinhas”, disse amável, a sorrir; e esquecido da morte da mulherzinha, foi comprá-los. Do fundo do balcão, a vendedora ouviu um lancinante grito; acudiu a ver mas deteve-se aterrorizada, ao ver um homem em pé, apoiado à vitrine, fitando-a dolorosamente, como paralisado. Tinha numa das mãos duas botinhas azuis com bordados em penas de cisne, e apresentava a outra mão ensangüentada, com algumas raspaduras de ouro nas pontas das unhas.


Esta é, Senhora, a lenda do homem do cérebro de ouro.
Apesar de seu aspecto de conto fantasioso, a lenda é verdadeira de um extremo ao outro... Há no mundo pobres pessoas condenadas a viver de seu cérebro, e pagam com bom ouro fino, com seu miolo e suas substâncias, às mínimas coisas na vida. Para elas é uma dor cotidiana; só que um dia cansam-se de sofrer, ...

quinta-feira, 17 de maio de 2012

HORA DE TER SAUDADE 
Houve aquele tempo... 
(E agora, que a chuva chora, ouve aquele tempo!)
 (Ribeiro Couto)

quarta-feira, 9 de maio de 2012


Perdi dentro de mim
Porque eu era um labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudade de mim.
(Mário de Sá Carneiro)

sábado, 14 de abril de 2012

Omnibus rebus utere, vita nimium brevis est ut paeniteas.

É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus.
Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada.

sábado, 24 de março de 2012

eu já não sei se essa dor de cabeça é interna ou externa.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Paisagem



(Fernando Vicente)

não te rendas

(um poema pra guardar no coração)

Não te rendas, ainda é tempo
De se ter objetivos e começar de novo,
Aceitar tuas sombras,
Enterrar teus medos
Soltar o lastro,
Retomar o vôo.


Não te rendas que a vida é isso,
Continuar a viagem,
Perseguir teus sonhos,
Destravar o tempo,
Correr os escombros
E destapar o céu.


Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio queime,
Ainda que o medo morda,
Ainda que o sol se esconda,
E o vento se cale,
Ainda existe fogo na tua alma.
Ainda existe vida nos teus sonhos.


Porque a vida é tua e teu também o desejo
Porque o tens querido e porque eu te quero
Porque existe o vinho e o amor, é certo.
Porque não existem feridas que o tempo não cure.
Abrir as portas,
Tirar as trancas,
Abandonar as muralhas que te protegeram,


Viver a vida e aceitar o desafio,
Recuperar o sorriso,
Ensaiar um canto,
Baixar a guarda e estender as mãos
Abrir as asas
E tentar de novo
Celebrar a vida e se apossar dos céus.


Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio te queime,
Ainda que o medo te morda,
Ainda que o sol ponha e se cale o vento,
Ainda existe fogo na tua alma,
Ainda existe vida nos teus sonhos
Porque cada dia é um novo começo,
Porque esta é a hora e o melhor momento
Porque não estás sozinho, porque eu te amo

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Corpo de Lama


Deixai que os fatos sejam fatos naturalmente
Sem que sejam forjados para acontecer
Deixai que os olhos vejam os pequenos detalhes
Lentamente deixai que as coisas que lhe circundam
Estejam sempre inertes como móveis
Inofensivos para lhe servir quando for
Preciso e nunca lhe causar danos
Sejam eles morais físicos ou psicológicos

sábado, 4 de fevereiro de 2012

o dia cantou pra mim essa musica

Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
A sombra uma paisagem
Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa
Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra ao meu favor
Às vezes eu pressinto
E é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussura em meu ouvido
Só o que me interessa
A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa...

terça-feira, 24 de janeiro de 2012


Sonho que sou Alguém cá neste mundo
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho
E não sou nada!
(Florbela Espanca)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

solitude

Você quer saber em que consiste minha segurança? Vou lhe contar. Eu penso assim: a solidão é absoluta. É uma ilusão uma pessoa convencer-se de outra coisa. Tome consciência disso. E tente agir em coerência com isso. Não espere nada, nada a não ser um inferno na terra. Se acontecer algo agradável, melhor. Não acredite nunca que você poderá quebrar a solidão. Ela é absoluta. Você poderá fazer poesia sobre coexistência em vários planos, mas ainda assim será apenas poesia sobre religião, política, amor, arte e assim por diante. A solidão é total da mesma maneira. A ratoeira está na possibilidade de ela poder ser alguma vez dominada por uma miragem de coexistência. Esteja consciente de que é uma ilusão. Assim, você não ficará decepcionada depois, quando tudo voltar ao seu normal. Uma pessoa tem de viver pelo instinto da solidão absoluta. Nessa altura, a pessoa deixa de afligir-se. É aí que a pessoa, de fato, passa a sentir-se bastante segura e aprende a aceitar a falta de sentido da vida com uma certa satisfação. Com isso não quero dizer que a pessoa se torne passiva. Acredito que se deve lutar o mais possível e o melhor possível. Por nenhuma razão a não ser a de que uma pessoa se sente melhor fazendo o seu melhor do que desistindo. (Cenas de um casamento - Ingmar Bergman)