quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A dialética da solidão

A sociedade finge ser uma totalidade que vive por si e para si. Mas, embora ela se conceba como unidade indivisível, no seu interior está dividida por um dualismo que talvez tenha sua origem no momento em que o homem se desprende do mundo animal e, ao se servir das mãos, inventa-se a si mesmo e inventa a consciência e a moral. A sociedade é um organismo que padece da estranha necessidade de justificar seus fins e seus apetites. Às vezes, seus fins, mascarados pelos preceitos da moral dominante, coincidem com os desejos e as necessidades dos homens que a compõem. Outras vezes, contradizem as aspirações de fragmentos ou classes importantes. E não é de se estranhar que neguem os instintos mais profundos do homem. Quando isso ocorre, a sociedade viva uma época de crise: estoura ou estanca. Seus componentes deixam de ser homens e se transformam em meros instrumentos desalmados (Otávio Paz)

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