sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

But you..
You write such pretty words
But life's no storybook
Love's an excuse to get hurt
And to hurt
Do you like to hurt?
I do, i do
Then hurt me..

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

imbróglio


desconheço da felicidade, desconheço de tristeza, desconheço do amor, desconheço do odio, sou tão imatura ainda.
como é bom essa sede de conhecimentos e de viver.
de um lado algo tão realista, com tantos fundamentos certos
de outro um peso, que tenho medo de admitir que sinto
é tudo fruto da idade? ou da misticidade?
ao mesmo tempo que os olhos pesam, a ponto de fechar, e escorrer lagrimas,
em um impulso eles gritam como uma dose de adrenalina
é um pulsar de vontade e de viver,
sentir? talvez
e se esse sentir não ser nada mais do que essa necessidade inconsciente.
vontade de por impulso largar do meu corpo
pairar sobre as nuvens.. aaaah se fosse assim!
mas não é assim. deixa o fantasioso de lado.
veja o lado bom da realidade,
nuvens para que? se eu tenho esse chão
trate de pisar no chão e explorar teus sentidos
-fechar os olhos, o ar entra nos pulmões livremente, o tato faz-se gosto-
a sincronia dos meu pensares ja nem se ligam mais
...e eu não sei de mais nada...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Smile like you mean it

hoje vi renascer um sorriso, que alcançou meu coração e mente, e não o coração que me fez sorrir. Sorri comigo mesma, gargalhei e caí no chão. independencia. Sorri pra mim, assim como chorei para outros.

Save some face
You know you've only got one
Change your ways
While you're young

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

I've learned to fake it, and just smile along

as mãos tremem, as pernas ficam bambas, e a cabeça parece estar em outro lugar.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

But she can't relax

é tempo de (des)descansar
descansar parece ''impulsivel'' agora
impulso,
deslizes,
apenas me puxam pra realidade
um buraco cavado a mão
profundo
e do outro lado
as chaves
que acorrentam meus pés
paciencia,
esperança,
de conseguir sentir de novo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

mantenha-me-aquecida

deita assim do meu lado
não se mova
deixa eu te olhar
cada dia sinto a intensidade
e a saudade de te abraçar
veio sem razão, e sem obrigação
pra enfim eu perceber
o bem que você me faz.

sábado, 30 de outubro de 2010

deixe-a mansa


apenas levar, me desculpe mas ja desisti desse jogo de viver, mas o corpo continua vagando como um sonâmbulo, sem pedir, sem contestar, sem pedir, sem contestar, sem pedir e sem contestar. abraça e leva minha alma, se é que resta algo. Um tempo agradavel é tudo que peço, um tempo sem tempestades e sem questionamento, apenas abrace, e leva minh'alma, enfeite o cotidiano, não se explique. São duas peças fundamentais, cada uma de um sentimento diferente. Sentir-me inteira, do jeito que sou. Quero o sonho realizado e apenas isso, a chuva fria fica, mas é necessario arranjar abrigo de vez em quando, sentir segurança.
A mente como um quebra-cabeça, ninguem é capaz de montar ou entender a figura completa, epenas passe o tempo montando algumas peças, com paciencia, com gosto de cada momento, descobrindo cada parte. sem pedir sem contestar, sem pedir e sem contestar, ninguem se entende.

sábado, 23 de outubro de 2010

Blind thirst and Braille liquor

pisca, pisca, apaga, bate, bate, para, rema, rema, afunda, respira, respira, acaba.
de ontem em diante serei obrigada a ser o que sou hoje e agora, viver presa entre a agulha do eletrograma que desliza nas páginas brancas do consultório. Presa na mente de uma pessoa que as vezes dúvido ser eu, falsos sintomas de alegria enquanto meus impulsos nervosos pedem ação ao meu corpo contrariado com essa falsa expressão. Mas o máximo que consigo é mover toda a musculatura do rosto para apenas uma expressão, o sorriso amarelo.
Passa tempo, passa e acaba.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

domingo, 3 de outubro de 2010

abstrato



Da minha vida fiz uma tela, mal acabada. No inicio, traços sem definição alguma, cores vibrantes, que demonstram felicidade, inocência e um pouco de sonhos. Em uma pincelada com cores fortes são as duvidas aparecendo, as perguntas e a confusão de ideias, mas mesmo assim, se cruzam respingos de esperança e de felicidade. Os sonhos, são fortes nessa trajetória da tela, meu desejo é criar mais traços abstratos, conhecer mais, misturar mais, me sentir dentro da tela. De longe vejo o trabalho feito durante o tempo, não me sinto satisfeita, compro mais tinta, misturo mais, sempre querendo descobrir a junção das cores, os formatos, para no fim a obra estar perfeita. Um trabalho árduo, cada risco traz um sentimento diferente, mas sempre com a sensação de faltar algo.
Ao longo do tempo as pinceladas se tornam agressivas, como se a tela já não tivesse mais sentido, vejo que a cor branca do pano apesar de ter um fim, se torna infinita, como se eu nunca pudesse alcançar a superfície, mas o desejo é de acabar a tela para que se torne perfeita e memorável, mas para quem? Para quem serviria esse esforço, essa construção, onde cada risco apenas eu decifraria? Seria capaz alguém amar uma obra, e guarda-la pra sempre, talvez em uma parede em sua memoria?
O objetivo não é apenas esse, me sinto na obrigação de termina-la, os dias passam e os riscos vão ganhando forma e a cada observação que faço dela ao longe, percebo que a desordem a transforma em algo brilhante. Mas vejo que a cavaleta que a segura, se torna frágil, e o quadro ameaça a cair, e o cuidado tem que ser maior, pois o risco da tela cair, é que talvez as linhas feitas com tanto cuidado, se embaralhem manchem e ganhem outro sentido. Cuido da tela, pois é a minha unica herança, a qual passarei para alguém admira-la e dar o devido valor e que aos poucos vá descobrindo o caminho feito entre as linhas e as cores que tracei. Minha tela é minha frustração, meus medos, minha alegria, minha tristeza, meu ego, minhas consequências  e tudo que faça algum sentido para mim. Tento ao máximo não parar de pinta-la, mas ao parecer infinita, fracasso, e a deixo sozinha, apago as luzes e a cubro, a obra inacabada, a obra que é sonho, e que ao acaba-la seja completa, com cores vibrantes, cores fortes, riscos sem sentido, respingos.. Talvez seja a unica tela que irei pintar, então a deixo assim, e talvez uma hora descobri-la-ei e termina-la-ei.
A vida é uma tela abstrata que talvez só faça sentido para o artista, mas no fundo todo artista acredita que sua obra tenha algum sentido para alguém.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

nua e crua


"Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém." John Lennon.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

fim


é mais um dia, passa, devagar, o ponteiro, pesado como uma pedra, me espreguiço, o ócio, o objetivo, sem sentido algum, é surreal, o amor, o desejo, a companhia, a familia, a crença, o ponteiro desce, a hora passa, o sonho fica, a consciencia, sem sentido algum, palavra por palavra, ela se junta com o ponteiro, sincronia quase perfeita, a musica toca, o berro, o suspiro, denovo, se repete, o ócio, as conversas, o olhar, e passa, custa a passar, surreal, a mente, o ponteiro desce, as palavras, o ponteiro desce, mais palavras, mais mentiras, e passa, as horas passam, o dinheiro, o material, o desejo, o sonho, o desejo, a musica, as palavras, a imagem, e o ponteiro desce, a emoção, o grito, as lagrimas, respiração, realização, sem sentido algum, os dias, os meses os anos, as virgulas, a vida? os fio brancos aparecem, as olheiras, as rugas, a respiração, os amores, a pulsação, sem sentido algum, a solidão, a solidão, passa, passa, a vida passa, ligeiro o ponteiro desce, a cada segundo, desce, desce, afunda, e custa a afundar, a solidão bate, bate, o coração pulsa, pulsa e para...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

a voz

Platonizava um sorriso meio timido quando ouvia a voz, quantas vezes ao ouvir tal voz me acalmei. Quanto desejei os suspiros e os cochichos aos pés dos meus ouvidos. O quanto me causou essa voz timida, cheia de galanteios, com um rosto misterioso, por de tras, o qual nem chegei a ver.
Tento agarrar os sons e algumas palavras em minhas mãos. Queria por um instante guarda-las em uma caixinha de melodias.
O poder da voz se fazia material, eram como mãos, as vezes tirava o cabelo do meu rosto, enxugava algumas lagrimas, me tocava o ombro e segurava em minhas mãos.
Agora virou eco para meus ouvidos, as vezes me chama em meus sonhos, aos poucos vai sumindo e cada vez mais tenho medo de esquecer "o som da calma", que agora virou desespero.
Nem o som da chuva tinha tal poder, era o som da chuva com palavras, a vontade era de fechar os olhos e me deixar molhar, ou adormecer ao lado dessa voz. Quantos choros, risadas e promessas, as quais tento guardar em uma caixinha na memória, com todas as outras lembranças.
...o ritmo dos pingos ao cair no chão, só me deixa relembrar, tomara que eu não fique a esperar em vão, por ela que me faz chorar, chove chuva...

domingo, 15 de agosto de 2010

:|

Vai chover de novo,
deu na tv que o povo já se cansou de tanto o céu desabar,
E pede a um santo daqui que reza a ajuda de Deus,
mas nada pode fazer se a chuva quer é trazer você pra mim,
Vem cá que tá me dando uma vontade de chorar,
Não faz assim, não vá pra lá, meu coração vai se entregar à tempestade
Quem é você pra me chamar aqui se nada aconteceu?
Me diz, foi só amor ou medo de ficar sozinho outra vez?
Cadê aquela outra mulher?
Você me parecia tão bem,
A chuva já passou por aqui, eu mesma que cuidei de secar,
Quem foi que te ensinou a rezar?
Que santo vai brigar por você?
Que povo aprova o que você fez?
Devolve aquela minha tv que eu vou de vez,
Não há porque chorar por um amor que já morreu,
Deixa pra lá, eu vou, adeus.
Meu coração já se cansou de falsidade

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

a dream goes on forever

Fecho os olhos para conter as lágrimas. Me sinto bem ao deitar e deixar a musica rolar enquanto aperto minha coberta, só assim para passar o medo da solidão. O dia passa, como um flash-back em minha cabeça, amo tudo por um momento, mas ao me deitar a angustia vem a tona. O sentimento da solidão sempre estará comigo, minha maior companhia ao longo de toda minha vida. Me contenho para as lágrimas não caírem. É um frenesi de pensamentos ao notar as lágrimas caírem, sinto minha garganta apertada, repugnante, querendo gritar. Tudo isso para que? quando essa angustia vai passar? Sem final, sem final, nada acabou ainda...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

obitus veneris

Em alguns anos quando tiver esquecido você, e outras aventuras como esta acontecerem comigo por completa força de habito, lembrarei de você como simbolo do esquecimento do amor.
Pensarei nessa história a partir do horror de esquecer.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

sinto meus olhos cansados como uma pessoa de 90 anos de idade.

domingo, 18 de julho de 2010

purpose cross female

ser coração, sem coração
incompreendido, incompleto
vulgar, prazer
brain, brain, brain
sensibilidade
lagrima, sorriso
recato, mistério, euforia..
já não sei na verdade quem eu sou.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

fazer das tripas coração, ou vice e versa

Hoje tentei entender o amor.
Então peguei meu coração tentei conhece-lo primeiro, analisei cada cicatriz, não foram muitas, mas haviam algumas profundas, haviam também outras mais fracas, quase imperceptiveis.
Refleti cada uma, umas que valeram a pena, outras não, acabei compreendendo um pouco sobre dor, e que dor e amor de alguma forma estão ligados.
Depois vi as marcas de ódio, relembrei o quanto odiei e o quanto me arrependi de odiar.
Vieram as marcas da indiferença, do esquecimento, mas as do esquecimento eram validas apenas para as cicatrizes mais fracas. E enfim as de perceverança, mostrando a validade de cada marca, e o quanto aprendi com elas.
Conclui que o amor é complicado - odeio coisas complicadas - então segurei-o firme em minhas mãos, fiquei horas olhando para as marcas, senti raiva, talvez por não compreender a repercussão que esse sentimento causa, fechei a mão e comecei a espreme-lo com toda a força que possuo, senti minhas unhas cravando a palma da minha mão, o sangue pingava no assoalho branco e escorria por entre meus dedos, e após todas as marcas desaparecerem e ele se desfazer por inteiro, ainda sentia uma sensação estranha por todo o meu corpo, pude perceber que esse sentimento inexplicável não vinha apenas apenas do coração, corria por entre as veias, o sangue, remexia meu estomago, meu cérebro, aguçava meu sentidos, corria dos dedos dos pés até à cabeça.
Talvez ele seja indispensável para minha sobrevivência. ou talvez eu esteja errada.

Les chansons d'amour

















Le mystère de tes yeux là
Ce mystère qu'en faire ?
Tu ne sais pas
Le secret de ton état
Les secrets, j'en ai des tas
Cette barrière entre nous
Cette barrière qu'en faire ?
Ce garde-fou
Passer la frontière de ton état
Les pieds sur tes terres
Regarde-moi

Il faudra bien que tu t'avances
Si on veut combler la distance
Entre nous
Il faudrait t'accrocher plus fort
Si tu veux t'accrocher encore
A mon cou

quinta-feira, 17 de junho de 2010

quando você olha muito tempo para o abismo o abismo olha para você

Nunca sei como iniciar um texto, mas esse é diferente. Começa com uma fotografia. É uma moça, sentada num bar, o queixo apoiado sobre as mãos, olhos grandes e castanhos, cabelos negros, sem simetria, um rosto diferente dessa harmonização facial degenerada, um largo sorriso, dentes bonitos, saudáveis. O sorriso e o olhar me marcaram. Gosto desse sentimento que os olhos e os sorrisos me causam, me arrepiam a pele.
Passava das seis horas da manha quando acordei, ainda com os olhos cansados do dia anterior. Ao lado da cama o toca-discos, uma coleção velha e gasta, apenas com aqueles que são a bases do meu sossego diário. Highway 61 Revisited do Dylan é o que sempre fica sempre à frente na caixa dos discos, é rotina colocar para tocar Bllad of a thin man, música favorita de minha avó, faixa numero 5, lado A. Vez ou outra coloco Belchior, Patty Smith, Pink floyd entre outros que versam a passagem caótica da vida, mas na maioria das vezes é Dylan. Fui ao banheiro, escovei os dentes e tomei banho, dia comum, a mesma rotina.
Coloco o casaco verde musgo, herança de minha falecida avó, a única que teve a decência de  me ensinar a enxergar o mundo por trás das cortinas do espetáculo, aquela que me fez ver o truque do mágico. Saio. A claridade arde em meus olhos, sempre que sinto esta sensação penso em comprar um par de óculos escuros, mas sempre torro meu dinheiro com maconha, alchool, discos e livros. Fui ao 'Café da esquina', nome próprio do café que fica na esquina de onde moro, sem criatividade, com aquelas pessoas zumbis, com aparência tão horrível quanto a minha. E não digo aparência no mais chulo dos termos, mas no transparecer a ilusão de saber ser. Como já cantava o Canto de ossanha "O homem que diz 'sou' não é, porque quem é mesmo é 'não sou'". Dou uma olhada no local, sento no balcão e peço um café, preto, sem açúcar, como água suja, um dos venenos que amortece a angústia de minha  existência.
Todo dia a mesma coisa, mesmo papo com o dono da cafeteria. “Será que chove?” “Viu o jogo ontem?” e futilidades sobre o cotidiano. Tomo o café, pago e dou tchau. Ao levantar esbarro em um homem, engravatado, boa pinta, meia-idade, desses que deve trabalhar em uma grande empresa, casado, família de bem, mas que dorme com a secretária. Ele pede desculpas e sai. Não fui com a cara do sujeito. Noto que algo caiu de seu bolso, pensei em chamá-lo, mas o cara já havia saído. Deparo-me com a tal fotografia, acho que perdi uns dois minutos admirando-a. Embasbacada parada no meio do caminho. 
Não acredito em destino, deus e nem em amor, mas sei que na minha mente alguma coisa mudou. Um gatilho. Fui trabalhar sem ligar muito para o ocorrido, fiz tudo que meu plano de rotina exige de mim, mas apenas ao chegar em casa me lembro da fotografia, admirei-a antes de dormir, com um certa inveja de sua felicidade e beleza interior; dormi.
            O dia começa de novo, mas diferente, agora a fotografia vivia em meu bolso, ela me traz certo alívio que não sei explicar. Nesse dia algo me fez mudar de ares. Levantei, lado B, faixa 4, não fui tomar café, tomei um suco em uma lanchonete a umas duas quadras da cafeteria, me arrependi, pois sem café meu dia fica mais cansado do que já sou.
            Viro a esquina e me deparo com um sorriso, fico imóvel, é a tal moça dos cabelos negros. O gatilho disparou uma bala que cravou em minha mente. Decidi não ir trabalhar hoje. A segui, não pensei duas vezes. Sua postura que transmitia autenticidade tinha algo de virtuoso. Sua vitalidade e seu movimento, tudo me encantava. Sentia-me como uma pessoa completamente apaixonada... não, admirada.
            Tentei chamá-la, mas as palavras não saiam de minha boca, o máximo que fiz foi olhá-la. Sentir aquilo me despertou. Ela me fez reinventar o mundo, aceitar que o começo e o fim estão interligados. Decidi largar o trabalho que eu odiava, me livrar do meu cansaço e estar em paz com o vazio. Assim ela se foi, cada vez mais longe dos meus olhos e eu apenas sabia admirá-la. Ela foi. A fotografia ficou e a mudança do meu olhar sobre o mundo também. Marquei atrás da fotografia "Amor fati".