domingo, 3 de outubro de 2010

abstrato



Da minha vida fiz uma tela, mal acabada. No inicio, traços sem definição alguma, cores vibrantes, que demonstram felicidade, inocência e um pouco de sonhos. Em uma pincelada com cores fortes são as duvidas aparecendo, as perguntas e a confusão de ideias, mas mesmo assim, se cruzam respingos de esperança e de felicidade. Os sonhos, são fortes nessa trajetória da tela, meu desejo é criar mais traços abstratos, conhecer mais, misturar mais, me sentir dentro da tela. De longe vejo o trabalho feito durante o tempo, não me sinto satisfeita, compro mais tinta, misturo mais, sempre querendo descobrir a junção das cores, os formatos, para no fim a obra estar perfeita. Um trabalho árduo, cada risco traz um sentimento diferente, mas sempre com a sensação de faltar algo.
Ao longo do tempo as pinceladas se tornam agressivas, como se a tela já não tivesse mais sentido, vejo que a cor branca do pano apesar de ter um fim, se torna infinita, como se eu nunca pudesse alcançar a superfície, mas o desejo é de acabar a tela para que se torne perfeita e memorável, mas para quem? Para quem serviria esse esforço, essa construção, onde cada risco apenas eu decifraria? Seria capaz alguém amar uma obra, e guarda-la pra sempre, talvez em uma parede em sua memoria?
O objetivo não é apenas esse, me sinto na obrigação de termina-la, os dias passam e os riscos vão ganhando forma e a cada observação que faço dela ao longe, percebo que a desordem a transforma em algo brilhante. Mas vejo que a cavaleta que a segura, se torna frágil, e o quadro ameaça a cair, e o cuidado tem que ser maior, pois o risco da tela cair, é que talvez as linhas feitas com tanto cuidado, se embaralhem manchem e ganhem outro sentido. Cuido da tela, pois é a minha unica herança, a qual passarei para alguém admira-la e dar o devido valor e que aos poucos vá descobrindo o caminho feito entre as linhas e as cores que tracei. Minha tela é minha frustração, meus medos, minha alegria, minha tristeza, meu ego, minhas consequências  e tudo que faça algum sentido para mim. Tento ao máximo não parar de pinta-la, mas ao parecer infinita, fracasso, e a deixo sozinha, apago as luzes e a cubro, a obra inacabada, a obra que é sonho, e que ao acaba-la seja completa, com cores vibrantes, cores fortes, riscos sem sentido, respingos.. Talvez seja a unica tela que irei pintar, então a deixo assim, e talvez uma hora descobri-la-ei e termina-la-ei.
A vida é uma tela abstrata que talvez só faça sentido para o artista, mas no fundo todo artista acredita que sua obra tenha algum sentido para alguém.

2 comentários:

  1. veio de graça né...
    talvez a vivência deixe-nos assim, dependente de sentido, sentido que os outros nos deem,
    vai ser difícil faze-los sentir o que sentiu em cada pincelada,
    se for prazeroso, bom.
    mas é difícil entender... a pergunta, o que pergunta, e a resposta, o que deve ser..
    lembra hoje.. O QUE É ARTE?

    aee nosennnnnseeeesssesseeeee
    huhuhuhu :* jé se cuida <3

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  2. com o tempo a gente vai descobrindo essa tela q pintamos, que seria a vida.
    arte é loucuraaaa, heheheh

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