terça-feira, 5 de abril de 2011
Assim se produzem, como preciosa e fugitiva espuma de felicidade sôbre o mar do sofrimento, tôdas aquelas obras de arte em que um só atormentado homem se eleva por um momento, tão alto sôbre seu próprio destino, que a sua ventura reluz como uma estrela e parece a todos os que a vêem, alguma coisa eterna, como o seu próprio sonho de felicidade. Todos estes homens, sejam quais forem os nomes de seus feitos e obras, não têm realmente em geral uma verdadeira vida, isto é, sua vida não é nenhuma essência, não tem forma, não são heróis ou artistas ou pensadores do mesmo modo que outros são juízes, sapateiros ou maestros; sua existência é um movimento, um fluxo e refluxo eternos e penosos, está infeliz e dolorosamente desgarrada, é terrível e não tem sentido, se não estivermos dispostos a vêr esse sentido, precisamente naqueles escassos sucessos, feitos idéias e obras que luzem acima do caos de tais vidas. Entre os homens dessa espécie surgiu o pensamento perigoso e trágico de que talvez a vida humana não passe dum tremendo erro, um abôrto violento e desgraçado, um ensaio selvagem e horrorosamente infeliz da natureza. Mas também entre êles surgiu a outra idéia de que o homem talvez não seja apenas um aninal meio racional, mas um filho dos deuses destinado a imortalidade.
Li esse trecho no Lobo da estepe de Herman hesse, e achei interessante
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